Gaúcho de São Francisco de Paula, o aposentado João Andrade de Castilhos, hoje com 79 anos, foi o primeiro profissional de imprensa de Vilhena, mesmo tendo estudando apenas até a 5ª série –que, aliás, ele nem completou. Numa época em que a cidade era somente um amontoado de casas de madeira, isso em 1977, Castilhos era responsável pela TV Vilhena, que implantou sozinho por aqui.

Naquele tempo, a programação da emissora, que transmitia o sinal de diversas redes, passava com até seis semanas de atraso. As fitas de vidocassete contendo as atrações, vinham pelos aviões da TABA (Transportes Aéreos da Bacia Amazônia), sendo que o programa mais aguardado era o “Fantástico”.

Mas a história profissional do velho pioneiro, que idealizou e fundou o CTG Sinuelo do Norte, em atividade até hoje, perde de longe para o currículo pessoal do desbravador. Também fundador do Lions Clube e da Guarda-Mirim, Castilhos se lembra com saudades daqueles tempos. “A precursora da Guarda-Mirim era a União de Amigos do Menor, a UDAM, da qual eu era presidente”.

O comunicador, no entanto, se notabilizou mesmo foi pela bravura com que enfrentou os problemas de saúde que o atingiram. Foram tanto os tratamentos a que se submeteu, que o velho gaúcho poderia figurar no famoso Guiness, o Livro dos Recordes, como um dos poucos seres humanos a enfrentar e vencer três casos de câncer. Para quem acha que isso é pouco, Castilhos acrescenta: “Também sofri nove infartos e tenho as pontes de safena e outras marcas no corpo para provar”.

O primeiro diagnóstico de câncer foi informado ao migrante sulista no início dos anos 2000. Ele passou mais de dois meses em Goiânia (GO), onde se submeteu a uma cirurgia que extirpou o tumor maligno detectado em seu intestino grosso.

Quando ainda se recuperava do tratamento, dois anos depois, o vilhenense descobriu que também tinha câncer na próstata. Baixou em Barretos (SP) e, enquanto fazia quimioterapia, os médicos detectaram sinais de outro câncer, esse de pele. Emendou uma terapia na outra e voltou curado, após dois anos de luta contra a doença.

Hoje, ainda lutando contra os problemas que, segundo diz, são decorrência da vida boêmia que levou durante mais de três décadas, Castilhos dá um conselho a quem quer evitar os males que lhe afligiram. “Se pudesse voltar atrás, não teria bebido e fumado tanto, nem cometido tamanhos exageros em relação à comida”.

Em visita á cidade desde o dia 07 de julho, o veterano militante da cultura gaúcha, atualmente residindo em Porto Alegre (RS), proferiu uma palestra para alunos do curso de jornalismo da Unir. Arrancou aplausos dos acadêmicos ao relatar suas experiências profissionais. Certamente seria mais ovacionado ainda se contasse também suas histórias de luta pela própria vida.