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Notícia publicada em 23/03/2015 às 14:30 | Notícias
Floresta se torna nova fonte econômica em Rondônia

 

 

As florestas plantadas  podem ser o novo ciclo econômico de Rondônia. Ouro, gado, cassiterita foram alguns que recentemente movimentaram e ainda geram emprego e renda para no estado. Mas a silvicultura tem tudo para galgar os primeiros lugares na produção  agrícola.  E  Vilhena desponta como um dos principais celeiros para o  cultivo de pinus, eucalipto e teca – as estrelas do setor. A legislação rondoniense deu flexibilidade para o cultivo  e comercialização dos produtos oriundos das florestas plantadas e a atividade tem atraído pequenos e grandes produtores rurais.

 

O diretor  regional da Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Meio Ambiente (Sedam) de Vilhena,  Luiz Silva Gomes, afirma com convicção que “a floresta plantada é a menina dos olhos do Cone Sul”.  O que permite a ele a certeza de tal assertiva é a expansão do setor, que já exporta matéria prima para a Europa e Ásia. “A quantidade ainda não é grande, mas esperamos resultados que certamente vão superar a produção de carne por hectare”, compara.


Segundo Luiz Silva Gomes, estima-se que haja em torno de seis mil hectares de floresta plantada em atividade e em fase de implantação. “É possível que se chegue aos 20 mil hectares até o final do ano e, havendo fomento, esse número pode até dobrar”,disse. Ele acredita que uma base mínima de 20 mil hectares é um bom começo; e quanto maior for o  número de áreas plantadas, maior será a atração de indústrias para  a  região.

 

O entusiasmo não é só dele. O governador Confúcio Moura também tem uma grande expectativa com relação à silvicultura em Rondônia. Para ele a floresta plantada representa o futuro na geração de empregos e de renda dentro do estado, superando  até mesmo as usinas do Rio Madeira que, no auge das construções, chegaram a empregar cerca de 35 mil operários, enquanto que o setor de florestas poderá gerar, seguramente, mais de 40 mil postos de trabalho diretos e indiretos nos próximos anos.

 

O coordenador do Programa Floresta Plantada da Sedam em Porto Velho, Edgar Menezes Cardoso, lembra que o programa Floresta Plantada é um projeto antigo, com mais de 20 anos, mas que em Rondônia  ganhou força a partir de maio de 2011, quando o governador Confúcio Moura, por meio do decreto 15.933 ( de 19/05/2011), criou mecanismos para facilitar a comercialização.  Desde então o programa tem chamado a atenção de produtores do Brasil  e do mercado consumidor, de modo especial  do exterior.

 

Cardoso explica que existem dois grupos  de floresta plantada: um com espécies próprias da região designada nativa, e a nativa exótica, que foram trazidas para a Amazônia.  As espécies importadas têm um tratamento diferenciado, porque esse tipo tem sua comercialização liberada, sendo necessária a expedição apenas da nota fiscal de venda. Mas para a floresta plantada nativa há a necessidade  de emissão do DOF, Documento de Origem Florestal, expedido pelos órgãos de fiscalização e controle. A regulamentação proporcionada pelo decreto e a normatização da Sedam facilitaram a comercialização sem causar interferências ou prejuízos para o plantio. “Na verdade a ação do governo desburocratizou”, comentou.

 

PINUS

 

Entre as espécies nativas mais comuns estão a caroba e o pinho cuiabano, também conhecido como bandarra. De acordo com  Edgar Cardoso estas árvores crescem rápido e são de fácil comercialização. Segundo ele, o pinho cuiabano produz a melhor lâmina para a fabricação de compensado.

 

Todavia o maior investimento tem sido direcionado às espécies exóticas, especialmente, o pinus e a teca. Além da madeira, o pinus proporciona a extração de uma goma resinada, que lembra a extração da seringa, mas que não se mistura com a água. Esta matéria prima tem  inúmeras  aplicações na indústria de cosméticos, tintas e vernizes, entre outras. O produto ainda é totalmente destinado ao mercado internacional. O Brasil é o terceiro maior produtor da resina do pinus, ficando atrás da China e da Indonésia, e Rondônia está começando a despontar no mercado nacional. “A goma resina dá retorno financeiro ao produtor a partir do oitavo ano, podendo alcançar o faturamento de até R$ 10.500,00 por hectare ao ano”, explica Edgar Menezes. Segundo ele, não há outro produto com retorno tão elevado, acrescentando que cada árvore pode ser explorada  por pelo menos 15 anos.

 

O pinus, como todas as árvores de floresta plantada, não exige solo fértil. Uma das principais características da floresta plantada é reflorestar áreas degradadas pelo uso ou mesmo pelo fogo. “Hoje, os melhores resultados estão em solos considerados pobres para outros cultivos, como os de Vilhena, que sem dúvida será um dos maiores polos produtores do Brasil nos próximos anos”, expressa Edgar.

 

A produção de resina em Rondônia teve início  há pouco mais de dois anos e já está na pauta de exportação do estado como um item de grande importância. “Além disso, desponta com melhor qualidade do que a produzida no Sul do país”, destaca.

 

TECA

 

Rondônia tem 16 mil hectares de teca plantada, o que equivale a mais de um milhão de metros cúbicos, segundo dados da Sedam. “A teca é como se fosse o  mogno  brasileiro”, compara Edgar Menezes.

 

Em 2014, a exportação da madeira ajudou a movimentar o porto porto-velhense, com o embarque de quase nove milhões de toneladas em tora e serrada. Os maiores importadores da teca rondoniense, em tora, são o Vietnã, a China e a Índia. Já a serrada tem sido  comprada especialmente por Portugal, Itália e Áustria.

 

Menezes assinala alguns aspectos que tem atraído os europeus para Rondônia, como a preferência aos proprietários de pequenas propriedades rurais, a  facilidade de escoamento através do Rio  Madeira e principalmente  a atual legislação florestal que o Estado tem. “Rondônia é o único Estado brasileiro que se preocupou em desburocratizar a legislação para as florestas plantadas”, destacou. Para ele, o sucesso no setor tem motivado os produtores a continuarem plantando a teca, cujo ciclo é de quatorze anos.

 

As características da teca são peculiares e, de acordo com Edgar Menezes, não existe no mundo nenhuma madeira como ela. “Não racha, não entorta e dificilmente é atacada por fungos porque tem uma substância natural que a protege”, esclarece. É a madeira preferida para a navegação, especialmente para fabricação de convés.

 

A origem da teca é a Ásia. A China, por exemplo, é grande produtora da espécie, mas não exporta devido ao uso de toda a produção no mercado interno e ainda importa. Em Rondônia, a primeira plantação de teca que se teve notícias foi na região de Espigão do Oeste.

 

EUCALIPTO

 

A espécie tem garantido um bom retorno aos investidores, primeiro por ser de uso comum e também porque em Rondônia tem encontrado um bom espaço no setor rural para a construção e recuperação de cercas e de currais.  Isso se deve a durabilidade da madeira, que pode chegar até dez anos. Outro mercado consumidor para o eucalipto é a lenha para a agricultura de precisão, que necessita de madeira em grande escala para alimentar seus fornos, como o de soja e do milho. Para se ter uma boa floresta de eucalipto são necessários cinco anos desde o plantio até a colheita, explica Edgar.

 

Além disso o eucalipto também está sendo utilizado em projetos de biomassa, para a geração de energia limpa e sustentável, com baixo impacto ambiental “isso vai acontecer aqui mesmo na Amazônia”, previne o engenheiro florestal. Segundo ele pelo menos duas usinas termoelétricas  serão instaladas uma em Itapuã do Oeste e outra no Acre, com operação a partir da biomassa.

 

CASTANHEIRA

 

O cultivo da castanha é alvo do incentivo do governador Confúcio Moura. A Sedam está distribuindo mudas, mas avisa que o período próprio para iniciar o cultivo está terminando. Foram mais de vinte mil unidades  distribuídas gratuitamente. A espécie é nativa, mas quando cultivada pode ser considerada na categoria floresta plantada. O valor no mercado é elevado, especialmente devido  ao preço do fruto, que está alcançando patamares nunca antes vistos. A madeira, quando proveniente de floresta plantada, tem boa aceitação no mercado. São 14 anos para iniciar a produção do fruto e para a retirada da madeira. De acordo com Edgar Menezes, o governo do Estado tem como meta o plantio de três milhões de mudas nos próximos três anos.

 

Institucionalmente o Floresta Plantada tem trabalhado pra fortalecer o setor junto aos pequenos e grandes produtores. “Motivar principalmente ao pequeno produtor é fundamental”, salienta o coordenador da Sedam. Para isso, a entidade está desenvolvendo o projeto Municípios Verdes Sustentáveis  junto aos pequenos.

 

O projeto é resultado de estudos feitos no Paraná e que, em Rondônia, está baseado no tripé estado, município e associações rurais. Cada um com sua função: o estado cede mudas, calcário e assistência técnica; os municípios se responsabilizam pelo transporte; e ao produtor rural cabe a mão de obra e a adubação da terra. Este pode ainda buscar junto ao programa federal de agricultura de baixo carbono, um apoio financeiro de até R$ 35 mil.

 

Este ano a Sedam está trabalhando com os municípios de Alta Floresta, Ministro Andreazza, Ouro Preto e Ji-Paraná. Até 2018 serão 16 municípios, sendo quatro por ano.  A meta é despertar nos produtores rurais o entendimento da importância do reflorestamento, não somente pela questão ambiental ou sustentabilidade, mas porque ele pode ser um grande gerador de rendas. A floresta plantada é fundamental para o meio ambiente, porque além de preservar, recupera ambientes degradados com o novo cultivo; é social porque além dela mesma absorver mão de obra no seu entorno há um desenvolvimento com geração de novos empregos,  mantendo as famílias no campo; e no aspecto econômico há a geração de renda e arrecadação de impostos.

 

A floresta plantada também proporciona um corredor faunístico para a interligação de animais silvestres com unidades públicas  e privadas, facilitando a procriação e evitando a extinção de consanguinidade, lembra Luiz Silva Gomes de Vilhena.

 

Para os próximos anos o objetivo da Sedam é trabalhar um plano de desenvolvimento florestal para o estado, no qual se contemple o zoneamento de áreas para o plantio específico de cada espécie estudada, garantindo uma logística de produção de tal forma que atraia empresas para atuar no processamento de madeiras extraídas da floresta

 

A execução do projeto da ferrovia ligando o cone sul  ao Rio Madeira , na opinião do coordenador do Programa Floresta Plantada da Sedam, seria de extrema importância pois facilitaria o escoamento da produção. E o plantio iria crescer muito mais, com a oportunidade de novos mercados. Ele cita o exemplo do Mato Grosso do Sul, que hoje é o principal produtor de madeira para a indústria de papel e de celulose do país, porque a ferrovia o liga ao porto de Santos.

 

Fonte: Diário da Amazônia

 

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