Rul
Notícia publicada em 15/03/2016 às 09:13 | Ponto & Virgula
Corruptos ou corrompidos? Ovos fritos ou fritados? Pessoas submissas ou submetidas?
Confira a coluna 'Ponto & Vírgula' do jornalista de Ji-Paraná Marcos Lock

 

 

Poderíamos dizer sim agentes corrompidos, ovos fritados ou pessoas submetidas. Da mesma forma que não é errado falar questões confundidas em vez de confusas e livros imprimidos ao invés de impressos. Mas não o fazemos. Por quê? Na prática, ou seja, na língua do dia a dia, uma forma praticamente sepultou a outra, ou melhor dizendo, a forma compacta se sobrepôs à forma estendida do verbo.

 

Mas, na maioria dos casos, as duas possibilidades existem do ponto de vista gramatical. Estes particípios nas suas formas compactas, ou contraídas, ou melhor dizendo, irregulares, registraram e ainda o estão fazendo uma metamorfose uma vez que eles mudaram sua classe gramatical: de verbos passaram também a adjetivos (fritos, confusas, impresso, etc) mutação que em alguns momentos pode causar alguma confusão.

 

Os livros explicam que muitos particípios têm duas classificações, a regular (estendida) e a já informada irregular. Ocorre que a língua viva obviamente optou pela construção mais simples e objetiva e é, exatamente este o caso também de aceso.

 

Ninguém mais diz que o fogo ficou acendido do mesmo jeito que tem gente que se gaba de saber usar bem as horas livres — e não livradas. Alguns particípios, no entanto, ainda estão em fase de transição. Muitos cidadãos ainda dizem ganhado, mas a cada pouco a forma ganho vai ocupando espaço. O mesmo se dá com aceitado/aceito, benzido/bento, extingui-do/extinto ou entregado/entregue.

 

HÁ REGRAS — o uso regular, ou seja, aquele mais extenso, é determinado pelo verbo que antecede o particípio. Com o ter e o haver é pedida a forma regular, marcada pelas famosas terminações “ado” e “ido” (conjugado, retribuído, etc). Exemplos: “A senhora tinha sacado dinheiro do banco para viajar a serviço”. “Ele havia bebido cerveja antes de dirigir”. A maioria dos verbos segue esta regra.

 

Outra explicação vem das vozes do verbo. Com a voz passiva, na presença dos verbos ficar, ser e estar, melhor é usar a forma compacta. Veja mais estes exemplos: “A carteira de habilitação ficou suspensa (e não suspendido) depois da autuação”; “O traficante será preso (e não prendido) amanhã”; “Infelizmente ele está morto (e não morrido)”. Quem diz, no entanto “Eu tinha chego tarde” está incorreto porque ainda deverá falar “Eu tinha chegado tarde”. Da mesma maneira eu deverei anunciar que “Eu tinha ficado mais atrás para me proteger” e não “Eu tinha fico...”.

 

Não faltam exemplos deste fenômeno linguístico. Cada vez mais as pessoas estão falando, o que é normal, afinal é preciso economizar tempo: “Minha mãe tinha escrito (em vez de escrevido) as cartas”; “Nenhum candidato nosso foi eleito (em vez de elegido) nas últimas eleições”; “O ambiente foi inteiramente seco (em vez de secado) depois da festa”; “O trabalho ficou completo (e não completado) depois das orientações do professor”; “Fiquei preso (e não prendido) no elevador”; “Estou aflita (e não afligida) com esta situação”; “Eu estou pronto (e não aprontado)”; O rapaz ficou cego (e não cegado) depois do acidente”.

 

Até a próxima questão, amigos!

 

E-mails para esta coluna devem ser enviados para colunapontoevirgula@gmail.com.

(*) Marcos Lock é Jornalista profissional, professor universitário e graduando do curso de 
Licenciatura em Língua Portuguesa e suas Literaturas, da Universidade Aberta do Brasil/UNIR
.

 

 

Patrocinadores do Portal Rul

Publicidade
RUL

CONTATO
E-mail: contatorul@gmail.com
Fone Redação: (69) 3423-7618
Comercial: (69) 9288-9018 • 9945-5358

 

Netmidia