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Notícia publicada em 13/01/2017 às 19:07 | Notícias
PF prende em Ji-Paraná suspeito de levar brasileiros ilegalmente para os EUA
Operação visa desarticular organização criminosa de 'coiotes'

 

 

Delegacia da Polícia Federal em Ji-Paraná

*Do G1 RO

 

A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta sexta-feira (13), em Ji-Paraná, durante a Operação Piratas do Caribe, uma pessoa suspeita de participar de uma organização criminosa de 'coiotes' responsável por levar brasileiros ilegalmente para os Estados Unidos (EUA).

 

Os policiais também cumpriram um mandado de busca e apreensão em Ariquemes (RO), no Vale do Jamari. Conforme a PF, ainda não foi descoberta a localização dos 12 brasileiros desaparecidos em novembro do ano passado nas Bahamas.

 

A Operação foi deflagrada nos estados de Rondônia, Santa Catarina e Minas Gerais. Segundo o delegado da PF, Raphael Baggio de Luca, a ação visa desarticular uma ramificação brasileira de uma organização criminosa que transporta brasileiros de forma ilegal ao exterior, principalmente aos Estados Unidos, via Bahamas.

 

Conforme Luca, o grupo de 12 brasileiros desaparecidos foi transportado por esta organização. "Dentre as pessoas que esta organização transportou, encontram-se 12 brasileiros que estão desaparecidos", disse.

 

O objetivo desta fase da investigação é colher provas de onde estejam estes brasileiros e verificar o grau de envolvimento de outras pessoas neste esquema, "que não só envolveu brasileiros como outras pessoas do estrangeiro", informou o delegado.

 

Luca explica que a PF está trabalhando em conjunto com o Itamaraty em busca da localização dos brasileiros, mas até o momento ninguém foi encontrado. "Vamos continuar em busca deste pessoal, até obtermos uma resposta", disse.

 

Cerca de 30 policiais participaram da operação no cumprimento de sete mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva nos três estados. De acordo com a PF, a operação é resultado de investigações que começaram a partir do desaparecimento de um brasileiro que teria tentado entrar ilegalmente nos Estados Unidos.

 

Como funcionava o esquema

 
A PF explica que existia um grupo no Brasil que aliciava o brasileiros que tinham vontade de morar nos EUA. Do Brasil, essas pessoas eram levadas ao Panamá e depois para as Bahamas. No aeroporto, havia um guichê específico marcado para a passagem dos brasileiros, onde teria um funcionário da organização criminosa. O brasileiro deveria ser um dos 10 primeiros passageiros a desembarcar.

 

"Quando chegavam nas Bahamas, ficavam em uma casa pelo tempo que a organização determinasse, até receber a ordem para embarcar via barco das Bahamas para os Estados Unidos, na região da Flórida", disse o delegado.

 

A promessa era que os brasileiros atravessariam em um iate, mas a realidade era outra. "Na verdade, colocam em um barco, canoa, embarcações péssimas. Faziam as atravessias de forma perigosa, à noite. Durante o dia, ficavam escondidos em ilhas na região, sem alimentação, sem bebida, para continuar a viagem à noite. Tudo para ludibriar a fiscalização", afirmou Luca.

 

O preço cobrado pela organização varia, conforme o delegado. "Teve quem pagou R$ 40 mil, outros R$ 60 mil. Um grupo de quatro pessoas daria uma casa para atravessar, é nesta média de preço", informou.

 

Desaparecidos

 
No início do mês, o Fantástico mostrou a história sobre o desparecimento do grupo de brasileiros, que embarcaram até Nassau, capital das Bahamas, de onde partiram para a travessia. Entre eles estariam três rondonienses.

 

A embarcação com dois barqueiros cubanos, 12 brasileiros, cinco dominicanos e dois norte-americanos saiu em direção a Miami, nos Estados Unidos, no dia 6 de novembro e após isso não houve mais informações sobre o paradeiro de todos.

 

Segundo familiares, Almir Vital, de 34 anos, de Jaru, e um amigo que morava em Ouro Preto do Oeste, na região central do estado, estão no grupo dos desaparecidos.

Os dois irmãos de Almir Vital, também tentariam realizar a travessia ilegal para os Estados Unidos, mas devido ao sistema de divisão de passageiros em cada embarcação, Almir acabou indo primeiro do que eles, que retornaram ao Brasil após não terem mais contato com o irmão.

 

"Tínhamos este sonho de morar nos Estados Unidos e poder conseguir uma vida econômica melhor do que aqui. Fechamos o contrato com o coiote por cerca de R$ 280 mil, para atravessar nós dois e outro amigo, sendo que uma casa ainda seria entregue após estivéssemos do outro lado", explica José Humberto Vital, de 31 anos, irmão de Almir.

 

José Humberto Vital, contou ao G1 que o caso do desaparecimento vem sendo investigado pelo Ministério das Relações Exteriores e pela Polícia Federal, mas que até aquele momento a família ainda não possuía nenhuma informação concreta sobre o paradeiro deles.

 

A mãe de Almir, Luzinete, conta que tem esperança de reencontrar o filho. "Depois desses dias todos do desparecimento ainda tenho muita fé em que o encontrem e que ele possa voltar para casa", disse.

 

O terceiro rondoniense que estaria no grupo dos desaparecidos é o jovem de Ji-Paraná, Diego Gonçalves de Araújo, de 20 anos. Segundo a família, o último contato com ele foi feito pela internet no dia 5 de novembro. Desde então, familiares não conseguiram mais falar com Diego.

 

Segundo informações da família, Diego pretendia se mudar para o estado americano da Flórida, onde iria dividir um apartamento com amigos que já moram nos Estados Unidos. "Diego queria ir para a Flórida, ele tem alguns amigos lá e é o sonho dele morar lá", conta a mãe.

 

Procurado pelo G1 para confirmar se os rondonienses estão no grupo dos desaparecidos, o Itamaraty disse que em respeito à privacidade dos brasileiros e à legislação em vigor, o ministério não fornece detalhes sobre a identidade das pessoas em questão.

 

*Colaboraram nesta reportagem: Pâmela Fernades , Jeferson Carlos e Marco Bernardi

 

 

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